quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Em entrevista ao G1 no hotel em que está hospedado no Rio,

G1 - O que os seus fãs podem esperar dos shows no Brasil?
Chris Cornell – Ainda não sei, porque ainda não decidi o repertório. Vou tocar canções de diferentes partes da minha carrreira. Tem músicas que eu sempre toco, outras eu decido no dia do show, de acordo com o clima. Tem uma parte acústica no meio, que muda toda noite. As apresentações geralmente são bem longas, como no último show, em Santiago, no Chile, que durou duas horas e 45 minutos.

G1 – Quais são as canções que você sempre toca?
Cornell – Ultimamente tenho tocado algumas do meu álbum novo, mas também toco músicas antigas. Sempre toco “Black hole sun”, “Spoonman” e alguns hits do Temple of the Dog e do Audioslave.

G1 – Em 2007 você completa 20 anos de carreira, desde as primeiras gravações do Soundgarden. O que mudou de lá para cá?
Cornell – A rotina que envolve a vida de um músico mudou mais do que qualquer outra coisa. O processo de composição continua o mesmo, mas quando comecei no Soundgarden nós não viajávamos, então eu tinha sempre tempo para compor. Já hoje, tenho de agendar momentos para me dedicar a isso, porque estou sempre em turnê. Antigamente, eu tinha um emprego normal, trabalhava em um restaurante e quando chegava em casa todas as noites podia ensaiar. Agora tenho de me programar para fazer isso, porque não dá para me concentrar durante as viagens.

G1 – Você trabalhava em um restaurante e chegou a ter seu negócio, certo?
Cornell – Sim, certo.

G1 - Você ainda gosta de cozinhar, como um hobbie?
Cornell – Não, na verdade não (risos). Não era um emprego ruim naquela época em que eu era um músico começando. Era uma forma de eu me sustentar e garantir minhas refeições todos os dias.Tudo que eu tinha era minha guitarra, um amplificador, um carro de US$ 500 e um emprego que me desse comida. Não é que eu realmente curtisse, mas naquele momento era bom para mim. Hoje em dia eu adoro comer, mas não gosto de cozinhar. Depois que você trabalha numa cozinha lotada, você não quer cozinhar quando chega em casa

G1 – Como é viver na estrada, em turnê?
Cornell – Viajar e conhecer o mundo é um privilégio. Há 20 anos, sair em turnê era algo difícil para mim, deixar minha casa, cair na estrada. Mas, com o passar do tempo, eu me acostumei, e hoje isso é minha vida. É um pouco mais complicado agora que tenho uma família e sou pai de três crianças, mas é questão de me programar.

G1 – Você ficou famoso quando as bandas de Seattle estavam no centro das atenções. Você diria que é um sobrevivente do grunge?
Cornell – Tecnicamente sim. Mas não costumo pensar no Soundgarden como parte de uma cena, de um grupo de bandas. Nós éramos nós mesmos, não nos víamos como parte de nada. Viramos a banda mais famosa de Seattle, fomos os primeiros a assinar com uma gravadora. Aos poucos, se formou uma cena em Seattle, e nós percebemos que algo de especial nascia ali. Eram todas bandas ótimas, mas eu não me sentia parte de um movimento, como muita gente descrevia o grunge na época. Nós fomos empurrados juntos durante apenas dois ou três anos. Acho que sou um sobrevivente do grunge, mas entendo minha trajetória de forma pessoal, não como parte de um grupo.

G1 – Como a internet mudou seu trabalho?
Cornell – A internet não mudou o tipo de música que componho, mas modificou a forma como ela se apresenta. Não preciso mais esperar para gravar um álbum completo, com 14, 15 canções. Hoje posso lançar duas ou três canções e depois criar outras, o que é muito bom para um compositor. Agora, tenho uma resposta imediata dos fãs. É mais rápido e mais fácil.

G1 – Você prefere a carreira solo ou trabalhar com uma banda?
Cornell – Trabalhar solo é o que me permite estar aqui, no Brasil, hoje. Numa banda, é difícil que todos concordem em fazer turnês da mesma forma. Com o Soundgarden, por exemplo, foi difícil até convencê-los a ir à Europa. Eu queria muito vir ao Brasil naquela época, em 1994, pois fiquei sabendo que tinha fãs aqui. Mas eles não concordavam, não queriam vir. Agora posso fazer o que quero, e isso é o melhor da carreira solo

G1 – Esse foi o motivo por que você saiu do Audioslave?
Cornell – Isso explica parte da minha saída. Eu sempre compus muito sozinho e depois tinha de adaptar minhas criações ao que os outros membros das bandas queriam. Passei boa parte da minha vida fazendo isso e cansei. Saí porque quis concentrar na minha criatividade solo, achei que o momento tinha chegado.

G1 – Esta é sua primeira vez no Brasil, certo? Como você pretende aproveitar a visita?
Cornell – Sim, é a primeira vez. Espero ter algumas horas para passear, mas não terei muito tempo. Ainda não sei o que fazer exatamente.

G1 – Você gosta de música brasileira?
Cornell – Conheço muito pouco de música brasileira. Sei que tem um tipo de música eletrônica que é especial...

G1 – Funk?
Cornell – Sim, sim. Li sobre esse tipo de música.

G1 – Se surgisse uma oportunidade, você tocaria com seus ex-colegas do Soundgarden?
Cornell – Sim, não vejo motivo por que não o faria. Não vejo chance de acontecer agora, mas não sei o que o futuro vai trazer. Nunca se sabe.

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